As lojas estão abarrotadas de artigos baratos da China e fazem nosso
mecanismo biológico acumular até enlouquecer. Isso também é parte de
nossa cultura: como a oferta de produtos é ilimitada, os anunciantes nos
dizem que precisamos comprar mais para manter a máquina do consumo a
todo vapor. Ter uma TV gigante e novinha já não é desejo, mas uma
necessidade.
Só que cada coisa nova que agregamos às nossas vidas tem custos
escondidos. Casas maiores consomem mais energia, mais impostos, mais
manutenção. Um carro grande e luxuoso gasta mais combustível e tem a
mecânica mais cara. E à medida que compramos as coisas, precisamos de
mais espaço para guardá-las. Nos últimos 60 anos, por exemplo, o tamanho
médio de um apartamento novo nos EUA aumentou de 91 para 230 metros
quadrados. Ocupamos três vezes mais espaço, e continuamos acumulando
objetos. De repente, nossas vidas se tornam caras e complicadas.
Acabamos trabalhando mais simplesmente para manter o que adquirimos.
Hoje, moro num apartamento de 40 m² em Manhattan com todo o conforto que
preciso. Até quarto de hóspedes. Ele foi projetado para uma quantidade
reduzida de coisas - as prediletas. Tudo nele é eficiente: minha cama
fica embutida na parede e se abre quando vou dormir. Tenho duas TVs: uma
na verdade é um telão que fica enrolado numa parede móvel, a outra é
também o monitor da minha estação de trabalho. A mesa é mínima e pode
ser ampliada para um jantar de até dez pessoas. Não possuo CDs ou DVDs
(salvo tudo na nuvem). Tenho só seis camisetas na gaveta e dez tigelas
na cozinha. Uma tigela cabe dentro da outra para ocupar pouco espaço,
como tudo na casa. Você também pode editar sua vida. Por que guardar
aquela calça que não usa há anos? E por que ter um fogão de seis bocas
quando raramente usa três? Com menos coisas para guardar e manter, você ganha mais liberdade e um
pouco mais de tempo. Só vamos cultivar uma relação equilibrada com o
consumo quando começarmos a valorizar as coisas que de fato nos fazem
felizes.